O setor de base florestal está completamente inserido no tripé da sustentabilidade. É economicamente viável, ambientalmente correto e socialmente justo. Quando avaliamos as questões sociais, não tem como não levar em consideração o mercado de trabalho. No estado de São Paulo, por exemplo, são 8.006 empresas ativas que atuam diretamente no setor florestal. Elas representam 19% das empresas do setor florestal brasileiro. Os três principais segmentos das empresas deste setor que atuam em São Paulo são: Móveis (42%), Celulose & Papel (19,6%) e Silvicultura e Colheita (16,6%). Os números são da pesquisa Relação Anual de Informações Sociais (RAIS 2021), do Ministério do Trabalho e Emprego.

Quando estes números são convertidos em postos de empregos gerados, também dentro do estado de São Paulo, observamos que são 150 mil vagas de trabalho diretamente ligadas ao setor de florestas plantadas. Estes números têm ainda mais expressão se considerados também os postos indiretos e o efeito renda. Ao total, são cerca de 800 mil pessoas trabalhando, envolvidas com o setor. O segmento que mais emprega é o de celulose e papel, com 47% das vagas. Ainda de acordo com a pesquisa RAIS 2021, São Paulo é responsável pela geração de 23% dos empregos no setor florestal brasileiro.

Falta mão-de-obra qualificada
A partir de meados da década de 1980, o Brasil começou a conhecer a mecanização dos processos de colheita florestal. Com a evolução tecnológica, hoje equipamentos ultramodernos são utilizados no corte, transporte e processamento de toras. O trabalho manual pesado e, em certas situações perigoso, passou a ser feito por máquinas robustas e muito eficientes.

Trabalhar com estes equipamentos se tornou um desafio para o trabalhador florestal. Produtos geralmente importados ainda exigem o mínimo de especialização para serem operados. Se por um lado melhoraram as condições de trabalho e surgiram funções mais bem remuneradas, por outro, há uma escassez deste profissional no mercado florestal brasileiro.

De acordo com Matheus Esteves, vice-presidente da Associação Paulista de Produtores, Fornecedores e Consumidores de Florestas Plantadas (Florestar São Paulo), a função de operador de máquinas florestais se manterá em alta enquanto o setor segue buscando por profissionais qualificados, ou simplesmente dispostos a se qualificarem em seus núcleos de treinamento e capacitação.

Esta carência de profissionais impactou as remunerações médias, que aumentaram. “Não encontramos mais apenas aqueles tradicionais colegas operadores, com vivência de campo e fruto de recrutamentos e promoções internas. Hoje convivemos, por exemplo, com profissionais de dentro e fora do agro, que observaram esta oportunidade, se prepararam tecnicamente e tornaram-se novos e adaptados operadores florestais”, conta ele.
Matheus Esteves, que também é gestor de operações na Dexco, destaca a importância da fidelização e garantia das equipes tradicionais de operadores, satisfeitas, valorizadas e treinadas para manutenção das máximas produtividades e disponibilidades mecânicas dos equipamentos. Segundo ele, a proximidade da gestão contribui para isso.

Para se tornar operador de uma das diversas máquinas de colheita existentes no setor (Feller, Skidder, Garra traçadora, Picadores, Harvester, Forwarder e outros), além dos treinamentos, vontade, persistência e resiliência, o profissional precisa reconhecer que o ambiente de trabalho não é como os demais. Existem adversidades nas operações em povoamentos florestais e isso requer destreza e criatividade para superação destes rotineiros desafios.
Manter estas máquinas em operação, exige também treinamentos específicos e aptidão em manutenção mecânica. “A curiosidade e estudo dos manuais de peças e especificações também diferencia o operador, que antecipa informações e apoia as equipes de manutenção mecânica”, conclui Matheus.

A diretora-executiva da Florestar, Fernanda Abilio, conta que a associação está buscando, junto com outras entidades do setor, formas de oferecer capacitação para mão-de-obra. “Percebemos entre as empresas do setor de base florestal paulista o déficit de profissionais capacitados, em toda a cadeia produtiva. Buscamos iniciativas e parcerias com o setor público e privado para criação de cursos, de formação e capacitação de mão-de-obra específica para o mercado florestal”, conta ela.

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