Por Amanda Franci e Jarbas Borges

 

Quando pensamos na adubação dos plantios florestais, logo nos esbarramos na alta dependência do Brasil pela importação de matérias-primas base para produção de fertilizantes (mais de 80% dos fertilizantes consumidos) e, consequentemente, na sua exposição às oscilações geopolíticas e variações de câmbio. Além da questão econômica, a fertilização dos plantios com fertilizantes minerais também traz uma preocupação no âmbito da sustentabilidade, visto que estes fertilizantes são produzidos a partir de matérias-primas não renováveis (combustíveis fósseis ou mineração de rochas e tratamento industrial). Esse cenário tem provocado as empresas florestais a otimizarem seus programas nutricionais, seja através do aperfeiçoamento e controles das operações em campo ou da prospecção de fontes alternativas de fertilizantes.

Em paralelo, atualmente, temos nas empresas um forte apelo pela adoção de políticas de ESG, como resposta aos desafios da sociedade contemporânea, que buscam a integração entre a geração de valor econômico e à preocupação com as questões ambientais, sociais e de governança corporativa. Na DEXCO, por exempo, divulgamos, recentemente, a renovação da nossa estratégia ESG, com um plano de sustentabilidade alinhado aos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) estabelecidos pela ONU em 2015. Neste plano, um dos compromissos que assumimos foi de zerar a destinação de resíduos industriais para aterros até 2025.

Diante disto, por que não conciliarmos esses interesses? Unirmos a necessidade de uso de fontes alternativas na adubação dos plantios à promoção da economia circular no processo produtivo? Esta foi a ação implementada com a produção do composto orgânico nas plantas industriais do negócio Madeira.

Em 2013, iniciamos a construção das primeiras linhas de compostagem com uso de material proveniente do tratamento de lodo físico-químico e biológico gerado pela E.T.E. e das cinzas da caldeira de biomassa da fábrica de painéis de Agudos. No entanto, neste momento, o produto final destinado às áreas florestais visava apenas o aporte de matéria orgânica ao solo. Em 2021, iniciamos um novo projeto para transformar esse produto em um composto orgânico, que além do aporte de matéria orgânica, pudesse também ser utilizado para a adubação dos novos plantios de eucalipto e reduzisse nossa demanda por fertilizantes minerais. Para isso, foi  implementado o enriquecimento do produto com uma pequena dose de fonte mineral de potássio e  um rígido acompanhamento da qualidade química e física no processo da compostagem, para manutenção das garantias nutricionais do composto orgânico. Em campo, foram realizadas alterações no implemento para melhoria na distribuição do composto orgânico nas linhas de plantio e do rendimento da operação e logística para seu transporte até maiores distâncias da fábrica.

Em janeiro de 2022, passamos a aplicar o composto orgânico em escala operacional na unidade florestal de Agudos, em substituição ao fertilizante mineral utilizado na 1ª adubação de cobertura dos plantios de eucalipto. O composto orgânico, além de atender aos parâmetros exigidos pelo MAPA para sua aplicação, possui em sua composição nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio e magnésio que são contabilizados no balanço nutricional da floresta. O total produzido na unidade de Agudos é suficente para realizar a adubação de 900 hectares/ano de floresta, implicando em uma redução no consumo de 360 toneladas/ano de fertilizante mineral de base não-renovável e na área onde é aplicado permite uma redução de, aproximadamente, 6,5% no custo total da adubação (valores-base 2024). Outros benefícios da aplicação do composto orgânico continuam sendo avaliados pela equipe de P&D da DEXCO, como incrementos na produtividade dos plantios e enriquecimento biológico do solo.

O projeto está em expansão para outras unidades da empresa e em estudos para novas aplicações e melhorias, em busca de processos mais sustentáveis e de redução de nossas pegadas hídrica, energética e de carbono, mas com a garantia da sustentabilidade da produtividade do negócio florestal.

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